Mulher maravilha

Neste post eu não tenho a intenção de ser técnica e falar exatamente sobre a stack que escolhi para estudar no 100 dias de código, mas além disso, contar a experiência que tive e a motivação para começar o desafio.

Há mais ou menos 1 ano atrás eu me encontrei completamente desmotivada com situações horríveis que tive que passar na Universidade e me vi sem chão para continuar no curso de Ciência da Computação e até mesmo na área. Tudo que passei me levou ao abismo e entrei num poço de medo, angústia, insegurança e desmotivação. Me vi tentando me agarrar em algum lugar que não era eu e que não era meu para não desmoronar de vez e desistir de tudo. Com isso, eu tomei um rumo e desisti do curso, voltei apenas um semestre depois quando algumas situações se resolveram. Passei por um momento difícil na vida onde não conseguia me encontrar e me sentia perdida de mim mesma.

Não gostaria de entrar em detalhes sobre as coisas que aconteceram nem rememorar as dores. Também não gostaria de romantizar o sofrimento que tive que passar, porque ninguém merece isso para chegar em algum lugar, principalmente quando não se nasce com privilégios. Mas preciso dizer que nada é um mar de rosas e que não é porque você se sente assim hoje que não pode voltar e se encontrar novamente.

Há 6 meses atrás eu decidi que iria trabalhar tanto porque precisava do dinheiro, como precisava de alguma forma sair do zero e ganhar experiência. Então, fora da universidade, sem expectativa alguma e cheia de inseguranças eu me joguei em entrevistas de emprego e para a minha surpresa eu fui bem em todas elas. Mas fiquei no que eu gostei mais das tecnologias que iria trabalhar que são as que tenho me interessado há um bom tempo. Para fazer as entrevistas de emprego, mesmo que de última hora, eu precisei virar dia e noite estudando os assuntos que cairiam nos testes e foi aí que eu passei a sentar a bunda na cadeira, botar todo o medo e tudo de ruim que sentia dentro de um potinho e dizer pra eles: “espera aí, porque eu preciso fazer isso agora”. E assim eu fui conseguindo aos pouquinhos me dedicar.

Meu primeiro emprego tem sido uma experiência fantástica e meu chefe é uma pessoa que tem me motivado bastante. Algumas vezes me estressei bastante com tarefas difíceis demais para o que eu sabia, mas o que me marcou muito foi uma vez que meu chefe disse: “Se eu consigo, você consegue!” e outra vez que ele disse: “Você não pode desistir toda vez que for difícil”. Ele sempre tem uns conselhos super motivadores. Obrigada, Gabriel! Bom, eu vou sempre lembrar disso e tenho persistido e estudado bastante para dar bons retornos. Minha evolução tem sido muito rápida, mas eu tenho me esforçado estudando além do normal os assuntos que preciso para trabalhar. E eu me sinto muito bem estudando e depois vendo aquele conhecimento ganhando vida. Eu acho que fiquei viciada em programar e sou muito fominha para aprender. A sensação de me sentir uma deva toda trabalhadora é um caminho sem volta para a minha independência tanto financeira quanto emocional e o gosto disso na vida é bom demais!

Então, na virada do ano eu sentei e pensei: “Eu vou planejar meus estudos e dessa vez eu não vou passar dias fazendo um planejamento que eu não vou cumprir! Eu vou sentar, terminar e vou começar. É agora ou nunca!”. E com isso eu aprendi que a melhor hora para começar é sempre agora. Nunca vai existir o momento perfeito para fazer o que quer que seja, comece logo e se tiver com medo, vai com medo, porque só assim sai alguma coisa. Daí eu fiz esse planejamento rapidão, fiz o repositório no Github do 100 dias de código e me comprometi publicamente através do Twitter com a hashtag oficial do desafio. Antes do desafio eu já estava estudando com frequência, mas com o desafio eu aumentei as horas e não dispensei os finais de semana.

A minha primeira tarefa no 100 dias de código foi terminar meu website/blog que eu demorei 2 anos enrolando para fazer e fiz isso em 1 dia. Eu fiz e fiquei pensando: “Ana Paula, cria vergonha na tua cara!”. Bom, no meu planejamento eu decidi estudar as tecnologias do meu trabalho e algumas que me interesso a parte também e li textos do FreeCodeCamp que eu amo muito. Eu li tanto, mas tanto que acho que foi a vez que mais li depois do ensino fundamental me afogando na biografia da Clarice Lispector e nos livros dela haha. Muita coisa eu aprendi com facilidade, outras eu demorei dias, os assuntos variam muito com a curva de aprendizado.

Inicialmente é muito trabalhoso estudar algo, porque você leva muito tempo para entender, assimilar, aplicar e entender o que você realmente fez. Às vezes dá um cansaço ou um estresse, mas é assim mesmo, no começo nada é fácil, você precisa vencer algumas montanhas diárias. Mas com o tempo essas montanhas ficam menores e você começa a subir alguns morros menores. Bom, se você acha que um dia não vai haver obstáculos, penso que isso é impossível se você quer aprender. Algo só é óbvio quando você já sabe!

Outro desafio nisso é ganhar independência para aprender e não perguntar a todo momento sobre tudo e aprender a pesquisar e encontrar você mesma a resposta para o que você quer fazer. Mas isso também é algo que você vai levar um tempo. Perguntar é super normal, não saber algo é super normal e procurar ajuda também é super normal. Mas também é necessário ganhar independência. Leve isso no seu tempo e não se pressione demais em querer saber tudo duma vez!

Bom, sobre não se pressionar para querer saber tudo duma vez. Isso é muito importante! Você não vai virar uma pessoa dev sênior do dia para a noite, nem em 100 dias, isso leva tempo, é experiência também. Eu sai do zero para júnior haha. O ganho de conhecimento e a busca por ele deve ser diário. Hoje um pouquinho, amanhã mais um pouqinho, depois mais um pouquinho e depois e depois e depois… quando você for ver já se passaram tempos e sua evolução se tornou enorme, mas foi construída em cima de passos pequenos. Então, sempre busque por isso diariamente. O desafio é bom para isso, para criar uma rotina e acostumar. Hoje se eu não estudar em alguma hora do meu dia eu me sinto vazia, acho que isso vira um costume kkkk e quando você pensar em desistir, faça como eu fiz: “Só mais um dia!” e todo dia tem um dia depois! =)

Uma outra coisa maravilhosa foi meu Github ter ficado verdinho, está muito lindo! Eu sempre via o Github das pessoas que me inspiram e ficava babando com aqueles quadradinhos verdes contanto a história deles durante os dias. E eu ficava achando: “Ah, vai demorar muito para eu chegar aí!”. E hoje eu vi que eu sou mais do que capaz de também conseguir!

Um dos maiores aprendizados que eu ganhei fazendo esse desafio foi que eu posso, que eu consigo e que depende de mim fazer acontecer. Eu sempre me inspirei em outras pessoas, me apoiei em outras pessoas, admirei outras pessoas e me colocava embaixo do pedestal que eu colocava os outros. Muitas pessoas me viram fazer o desafio e começaram inspiradas no meu. Ao me desafiar eu provei para mim mesma que eu sou a minha motivação, a minha inspiração, a minha admiração e o meu apoio! O desafio que fiz foi para provar para mim mesma do que eu sou capaz e para mais ninguém e é isso que devemos fazer, olhar para nós mesmos e jogar a síndrome do impostor no lixo. Não se apoie em ninguém que pode te abandonar a qualquer momento, não apoie seus sonhos em nada além de você. Faça por si! E lembrem-se: Queimem seus ídolos!